Power Prime Capítulo 14

Capítulo 14

Uma Nova Faceta para a História

Passaram-se três dias desde a missão. Troy fez mais três nesse meio tempo. Grey começou a treinar mais seus poderes e também a se sair melhor em suas atividades de campo enquanto Otto revogou seu pedido de aposentadoria e voltou à ação em missões menores ou de inteligência.

O Haron estava mais uma vez pegando uma tarefa. Havia um quadro com vários papéis na sala da equipe A. Essas eram missões colocadas lá pelos tutores que os membros da equipe podiam escolher. Você escolhia uma, levava o papel à recepcionista e a iniciava em seu nome.

"Qual... vai ser..." Troy estava indeciso sobre qual iria escolher.

Haviam várias. Desde investigações e expedições até busca e resgate, limpeza de bagunça Khaostic e etc. Mas o rapaz era limitado pelo seu nível de agente, assim, só poderia pegar missões nível 1 ou formar um grupo para pegar as de nível superior.

Ele então estendeu o braço direito e pegou um dos papéis, porém sua mão tremeu e acabou deixando a folha cair.

O jovem vinha pensando nesse braço desde que acordou depois da luta com Hendric. Sua mão era lenta e chegava a ser inútil para muitas coisas. Os dedos falhavam de vez em quando, girar o braço era difícil e também havia essa tremedeira. Apesar de tudo, dava para usar em uma luta, não como antes, mas dava, e para ele era isso que importava.

Troy pegou o papel e o colocou de volta no quadro.

Não dava para ficar chorando pelo leite derramado. Se adaptar era o melhor que ele podia fazer.

— Acho que é mais fácil completar a missão do que a escolher...

— Isso aí parece exagero. — Erick colocou a mão no ombro do Haron, dando-lhe um baita susto.

— Ai, caraca! Não aparece assim quando alguém está muito concentrado!

— Ah, foi mal. Mas é aí? Já escolheu uma?

— Não. Essas missões são... Ah... Não fazem meu estilo.

— É. Lutas aterradoras e empolgantes são com certeza melhores.

— Por que eu tenho a sensação de que você me conhece muito bem? Você não anda me stalkeando, né?

— Não, que isso. Qualquer um que passe um dia com você descobre que você adora esse tipo de coisa.

— Ok, ok. Eu tô muito indeciso, então, que tal uma sugestão?

— Resgate, investigação, busca... Ah, que tal essa? — Erick pegou um dos papéis e entregou à Troy.

— Investigue o repentino aparecimento de vegetação mutada nas montanhas... Por que essa?

— Acho que você estará fazendo um favor a nós se for nessa missão. Você se livra da sua indecisão e do seu vício em ação, a VALOR ganha mais uma missão cumprida e eu posso escolher uma das tarefas tranquilamente.

— Esses motivos fazem parecer que você quer se livrar de mim. Erick tocou o ombro de Troy e riu levemente.

— Não é sobre o que você vai fazer, é sobre se você vai ou não fazer.

— Isso lá é hora de filosofar?

— Alguém disse isso uma vez e me pareceu bem adequada.

— Eu até que gostei.

Erick foi ao quadro, pegou um papel e se dirigiu à saída.

— Ir ou não ir, eis a questão! Até outra hora, irmão! — Ele se foi. "Ele sequer olhou a missão..."

Erick era diferenciado. Tranquilo e sério, profundo e raso. A palavra "estranho" o definia perfeitamente. Porém, Troy estava determinado a aprender um pouco com a estranheza desse seu amigo.

Ele levou o papel até a recepcionista e aceitou a missão.

Um pouco mais tarde, já preparado, partiu para o local da missão.

Andando pelos corredores da instalação com uma mochila nas costas, levava suprimentos e equipamentos, afinal a missão poderia demorar dias, além de ser um pouco distante.

Perto da saída principal, o rapaz avistou Red, que o parou logo em seguida.

— Então você está saindo em uma missão? Que bom que eu te encontrei — falou aliviado o homem.

Por que foi bom me encontrar?

— Seguinte. Até o momento, sua equipe foi autorizada a participar de missões de nível baixo, missões tranquilas, mas isso vai mudar. O período até agora foi como um tempinho de adaptação, um teste…

— Engraçado, porque minha primeira missão não foi lá muito simples…

— Um tapinha não dói. Indo direto ao ponto, mais ou menos em uma semana você e sua turma irão começar a participar de missões mais sérias e especializadas, por isso, não fique saindo em missões longas e complicadas.

— Isso é bem empolgante! Ah, Red, eu queria te perguntar umas coisas.

— Manda.

— Você sabe onde o Adam Mordock está? Eu… meio que queria perguntar uma coisinha a ele… — O rosto de Hannah veio à sua mente. — Não o vejo desde o terceiro teste.

— Pelo que sei, ele está em uma missão... nível... 8, se não me engano.

— Ah… E sobre o James e os outros?

— Todos têm se empenhado em missões tanto quanto você. Mas eu tenho que dizer, vocês têm muito problemas.

— Que problemas?

— Vocês não agem como agentes, muito menos como equipe!

— Ah... Como assim?

— Rex e Trike competem continuamente, se recusando a trabalhar em equipe. Hendric, Hannah e Ben insistem em fazer missões sozinhos, se negando a entrar em missões conjuntas. Grey e Max mal estão fazendo missões. E você quer fazer uma missão toda hora! Olha, sei que vocês têm seus problemas e motivações, mas é necessário um pouco de equilíbrio para ser agente.

— Ah, tá…

— Isso não foi nada convincente! Suuh... De qualquer forma, esteja aqui nos próximos dias.

Red se virou e foi embora. Era sua primeira vez como tutor, então ele estava um pouco... estressado.

****

Troy havia chegado à área da missão, uma grande montanha cercada por uma densa floresta.

De acordo com a missão, ele deveria achar a fonte da mutação da flora local e tal flora já era visível. Nas árvores, na grama e nas raízes. A quantidade enorme de grama, o tamanho maior das árvores e a luz brilhante que as folhas emitiam eram alguns exemplos.

Haron definiu sua rota e começou a explorar os arredores da montanha, cobrindo metade dela até o fim do dia.

A noite logo chegou e o jovem já estava se preparando para ir dormir. Havia preparado um local em um grande galho de uma grande árvore, uma era maior que as outras, então ele possuía uma visão privilegiada do céu, que estava cheio de estrelas.

A brisa tranquila, o silêncio e a paisagem o faziam refletir sobre sua jornada até aqui. Cada evento, cada pessoa, cada lugar... tudo o trouxe aqui.

"Eu estou ficando mais forte, mais perto da força que quero..."

...

— Ei! Fiquem olhando! Vocês, todos vocês! — Gritou em direção às estrelas. — Eu não vou decepcioná-los!

Carregando um leve sorriso de satisfação, ele logo se sentou e encostou no tronco da árvore. Não demorou para que dormisse.

"Vocês..."

No entanto, o ultan acordou com o som de uma voz.

Para sua surpresa, já não estava mais na árvore, agora tudo estava envolto em névoa negra. Tudo exceto uma figura. Uma pessoa a uns cinco metros de distância possuía olhos verdes como esmeraldas e o corpo envolto por uma névoa cinzenta.

"Vocês, todos vocês! Fiquem olhando! Eu vou orgulhá-los!" O sujeito gritou aos céus. Quase a mesma frase…

"Humm? Não pensei que fosse te ver novamente. Uau, você cresceu bastante." Outra figura, completamente branca e com olhos também verdes, surgiu ao lado de Troy, que levou um belo susto.

O garoto tentou se mexer, mas não conseguiu. A fala também pareceu impossível. "Achei que tudo estava perdido, mas que bom que eu errei."

A figura pôs a mão sobre o ombro de Troy.

"Ei! Não está assustado, está? Não há com que se preocupar, os sonhos são inofensivos. Quer dizer... Às vezes ocorre aquela perda de memória, né?"

"Ele sabe? Quem é esse cara?" O Haron gritou em pensamento. "Você atualmente possui 3% do All Control."

"3% do All Control?"

O mundo envolto de névoa começou a se despedaçar. Troy estava acordando.

"Acho que você logo vai começar a obter as outras partes desse poder, então fique despreocupado! Eu sei que isso é muito bizarro, culpa do All Control por ficar interferindo no fluxo natural das coisas, mas isso não importa. Eu só quero que me prometa! Prometa que você alcançará o final! Não importa o quanto você apanhar ou sofrer, você deve alcançar o fim!"

A figura sorriu com empolgação.

"Volte aqui quando você estiver pronto para conseguir mais poder, acho que no futuro posso não estar mais aqui, mas Leônidas certamente estará. E lembre-se, não se deve superestimar as coisas na maioria das vezes, mas, nesse caso é diferente. Superestime o All Control, acredite nele e use-o. Ele pode fazer qualquer coisa."

— Aaah! — Troy de repente despertou. Crack!

A madeira da árvore rachou sozinha.

Sua visão estava diferente, tudo estava em um tom amarelado. Aquele símbolo estava em seus olhos e o All Control estava ativado.

Não demorou para que ele se acalmasse, o que fez seus olhos voltarem ao normal e seus poderes diminuírem.

O dia já havia amanhecido.

"Que diabos foi isso?" Troy tentou assimilar a situação.

— All Control... Sonhos... Final? Que final? Não… — Ele tentou controlar suas emoções.

— Calma... Ah! Aaaah! — Entretanto, falhou. — O quêêêê?! Como assim?! Que bizarrice foi essa?!

Após um tempo, Troy desceu da árvore, se alimentou, voltou a vasculhar a montanha e depois de mais algumas horas encontrou o que procurava.

Em uma encosta da montanha havia uma caverna e cipós e musgos com cores bem excêntricas que desciam dela direto para a floresta. O ultan teve certeza de que a fonte estava bem ali.

Ele estava usando os cipós para escalar o paredão enquanto sua cabeça era inundada de questões.

"3%? O que seria o 100% do All Control...? Eu realmente sinto que posso fazer qualquer coisa quando o uso, mas... será que é verdade? Tipo, literalmente?"

Troy subiu um pouco mais, devia faltar uns cinco metros para alcançar o topo.

"Aquele cara do sonho me conhece, e muito bem. Também conhece o All Control melhor que eu. Os sonhos também. Quem é ele? Será que existe uma pessoa vivendo dentro de mim?! Credo..."

O rapaz finalmente terminou a escalada.

A caverna media uns quatro metros do chão ao teto, não ia muito fundo na montanha e havia bastante vegetação espalhada pelo chão e pelas paredes. No fundo do local, uma luz roxa brilhante chamou a atenção de Troy.

Ao se aproximar, ele entendeu toda a situação.

Era um Cristal do Khaos. De alguma forma esse cristal surgiu aqui e com o passar dos anos cresceu até o ponto em que começou afetar a vegetação e se tornou o coração da floresta.

— Que sensação boa. O cristal parece irradiar muita energia... Eu devo estar pegando um pouco dela...

...

— E se…?

Troy estendeu sua mão e logo a poeira acumulada pelos cantos começou a se juntar na sua palma, formando uma pequena esfera.

— Um…

O ar se juntou e começou a girar em torno do diminuto globo.

— Dois…

Pedras foram as próximas.

— Três…

No entanto, o ar que girava com perfeição se desestabilizou e caiu junto das pedras e da esfera de poeira, que se desfez.

"Humm... O All Control continua imprevisível. Às vezes controla individualmente, às vezes controla várias coisas de uma vez. Antes eu precisava de um estímulo para manipular mais de um elemento de uma vez, mas agora... Será que o sonho tem algo a ver?"

Troy se sentou no chão e abriu sua mochila para pegar algo para comer enquanto pensava sobre a situação.

— Hã? — O garoto notou algo estranho enquanto revirava a bolsa e logo pegou algo.

O bracelete. Aquele que Jonas o entregou. O Haron havia se esquecido completamente dele.

— Cara... Como eu me esqueci de você?

Troy colocou a mochila de lado e examinou a tecnologia, e depois de ponderar um pouco, equipou o acessório que cobriu todo seu antebraço.

— Vamos ver do que você é capaz — disse enquanto o ativava. Uma interface surgiu no bracelete.

— Olá, Troy. — Uma voz veio da interface.

— Ah, oi... Quem… ou o que é você?

— Eu sou um programa desenvolvido para auxiliar você no uso e controle do All Control.

— Ah, sei. Taron faz questão de cada coisa. Mas como você vai me ajudar no controle do All Control?

— Taron me desenvolveu usando tecnologia do androide guardião RBTO. Tal androide possuía informações extremamente específicas sobre um Poder do Khaos que, no mínimo, era muito semelhante ao All Control.

— Androide guardião RBTO?

— Você deve reconhecê-lo como "O androide que saiu da cápsula de fuga".

— Você é feito de tecnologia ultan…

— Em partes.

— Você possui dados sobre Ultran?

— Eu fui criado para te auxiliar no uso do bracelete e do All Control. Não possuo registros sobre Ultran.

— O que aconteceu com o androide RBTO?

— Desconheço seu estado.

— E... ele possuía mais informações? Taron descobriu algo mais sobre Ultran ou o All Control?

— A maior parte dos dados foram perdidos. Somente alguns pouquíssimos protocolos relacionados ao All Control restaram.

Troy se pôs de pé.

— Meu pai sabia do All Control... O All Control deve estar relacionado com…

— Troy?

— Ah... Não é nada. Me diga. O que você pode fazer?

— Minha principal função é agir como mediador entre você e o All Control. Tecnologias do RBTO foram colocadas em mim, incluindo GPS, um emissor ultan, um pequeno sistema de defesa e outras coisas.

— Uau. Como cabe tanta coisa dentro de um bracelete? Bom, deixa pra lá. Eu gostaria de usar o All Control com você. Um pequeno experimento, sabe?

— Claro. Explicando de forma direta, minha funcionalidade é suportar e controlar o uso do All Control, rendendo a você um controle mais preciso, menos riscos e um gasto reduzido de Energia do Khaos.

— Isso resolve grande parte dos meus problemas com o All Control, ao menos por um tempo. Sem querer ofender, mas não quero ser dependente de tecnologia pra sempre. Bom, vamos a um teste!

O vento balançou violentamente e as paredes da caverna foram cortadas quando rajadas de ar se lançaram contra elas. O vento se concentrou na mão de Troy, formando a Esfera de Ar Comprimido. Ela girava perfeitamente, como o jovem nunca havia visto anteriormente.

— Deve ter o dobro de força... — Ele se espantou com tamanho aprimoramento.

— Essencialmente, o que melhorou foi o seu controle. Quanto maior for o seu controle, maior será a capacidade de comprimir o ar, e quanto mais você comprimir, maior será a força do ataque na hora do impacto.

— Entendo.

Troy então fechou seu punho, dissipando a esfera e fazendo com que uma pequena rajada de ar viajasse para todos os lados.

— Hehe! Isso é incrível! — O ultan deixou escapar uma risada de felicidade.

Haron agachou-se para iniciar a extração do Cristal do Khaos, afinal, essa era a fonte da mutação da flora local e não poderia ficar aqui, mas foi nesse momento que notou algo no canto da parede, enterrado no chão. Não dava para saber o que era de longe, e por isso Troy foi até o objeto.

Usando o All Control, ele facilmente retirou aquilo do chão. Era uma caixa de metal pequena, simples e azul.

"Tá emperrado." Descobriu depois de tentar abrir.

Porém, isso não era problema para o All Control, que abriu a caixa no segundo seguinte.

— Um caderno?

Dentro da caixa de metal havia apenas um caderno de capa negra rabiscado.

— O que isso faz aqui?

Ele pegou o objeto logo em seguida e percebeu que na capa estava escrito "Caderno de Anotações Sobre Versus".

— Que título.

Abrindo o manuscrito, Troy se deparou com um texto introdutório na primeira página.

— Esse caderno é para anotar coisas que não posso esquecer e algumas outras coisas como técnicas e estilos. Nem tudo que está aqui fui eu quem escrevi ou criei. Créditos na página final — leu em voz alta.

Ele então pulou para a página final para tentar descobrir quem era o dono, porém, o que encontrou foi uma folha rasgada, sem nomes.

— Humm... — Troy voltou às primeiras páginas.

"Versus é a energia natural presente na atmosfera e em basicamente todos os lugares. Porém, as pessoas criaram formas para absorver e armazenar tal energia para si. Assim nasceram os Kytsus, usuários de Versus. As formas de usar Versus são basicamente infinitas. Você pode criar água do nada. Pode aumentar sua força em 100 vezes. Criar duplicatas, voar, ficar invisível, alterar a própria aparência, fazer sua pele ficar tão resistente quanto aço e lá vai bolinha." O rapaz leu mentalmente.

Ele fechou o caderno e parou para pensar.

"Uma energia que pode fazer quase qualquer coisa..."

...

"Andem! Podem vir! Essa energia está além do que seus Poderes do Khaos podem alcançar!" Como se estivessem frente a frente, a voz do caçador de Khaostic ressoou por sua cabeça.

— Será?! Uma força dessas realmente existe? — O garoto mal podia acreditar.

— Uma energia que habita em quase todos os lugares e que quando absorvida pode fazer inúmeras coisas…

Troy reabriu o caderno e voltou a ler avidamente.

"Por mais que pareça bem místico, Versus possui sua própria funcionalidade e é isso que a torna realmente... mística."

Ele virou a folha para continuar sua leitura, entretanto… "A?"

Um A. A página seguinte estava rasgada e tudo que sobrara foi uma letra a no início da folha.

— Não! Ah! Caramba! — Haron berrou em frustração.

Dando uma rápida olhada nas páginas seguintes, Troy constatou que realmente não havia continuação para a explicação.

"Na melhor parte..."

Se sentindo decepcionado, começou a folhear as páginas.

A maioria das coisas que ali estavam escritas eram completamente estranhas.

"Técnicas... que usam Versus."

O jovem deu rápidas olhadas no que estava escrito em cada página. "Chamas Imperiais... Capa Devault... Hogrio?"

Lendo o nome e a descrição das técnicas, tudo o que o ultan conseguiu foi ficar mais abismado.

"Versus... O que é você?"

Virando mais uma página, Troy encontrou algo que chamou sua atenção. Um nome…

— Kanrides.